Letra em Cena Especial: Aline Bei e Natalia Timerman
Escritoras vêm ao Teatro para falar de suas formas de escrita e suas obras
No dia 11/6, terça-feira, às 19h, o projeto de literatura do Centro Cultural Unimed-BH Minas, o Letra em Cena, apresenta, em mais uma sessão especial, no Teatro, uma conversa com as escritoras Natalia Timerman e Aline Bei, mediada pelo jornalista e curador do projeto José Eduardo Gonçalves. As escritoras têm em comum um texto que fala sobre perdas. Com dois romances lançados – “O Peso do Pássaro Morte” (2017) e “Pequena Coreografia do Adeus” (2021) –, Aline Bei é vencedora de importantes prêmios, como o São Paulo de Literatura e o Toca; suas obras foram traduzidas para o francês e sua primeira publicação foi adaptada para o Teatro. Já Natalia Timerman é médica, escritora e colunista do UOL, autora das obras “Desterros” (2017), “Rachaduras” (2019), “Copo vazio” (2021) e “Os óculos de Lucas” (2022), dedicado ao público infantojuvenil, e de “As pequenas chances” (2023). A escritora tem como característica transitar em diferentes gêneros literários com maestria. As inscrições podem ser feitas no site da Sympla e a classificação é livre.
Aline Bei, por Lorena Dini
Natalia Timerman afirma que a necessidade de escrever veio quando ela percebeu que sua identidade percebia disso. “A vontade de escrever é anterior, surgiu quando aprendi a ler, pois desde criança eu quero ser escritora”, revela. Aline Bei diz que sua relação com a literatura é bastante próxima, “porque eu sempre li muito e os livros sempre foram meus companheiros e é um lugar onde eu me sinto mais à vontade, né? É maravilhoso poder ser leitora e escritora, poder ser essas duas coisas juntas”, conta. Formada em Teatro e Letras, Aline diz que a academia teve um papel importante no sentido de se tornar uma escritora. “O curso em si, eu não acho que ele estimula tanto a escrita, porque é um curso muito focado na licenciatura, o curso que eu fiz em letras na PUC, e das línguas, enfim. Mas eu descobri muitos autores interessantes na universidade, eu acho que tudo sempre pode estimular”, afirma.
Natalia aponta que a leitura e a escrita podem ser atividades prazerosas e perturbadoras. “Foi lendo que percebi que a literatura pode proporcionar uma sensação de comunhão única, a de pertencer à humanidade tanto quanto qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo e de qualquer tempo. Mas nem sempre nos sentimos bem lendo (e escrevendo). Ler e escrever pode ser perturbador, o que não necessariamente é ruim, pois conhecemos outras possibilidades de sentir, saímos de nós nos levando junto. De toda maneira, a palavra é uma mediação, então, ainda que a literatura possa doer, a vida dói mais”, atesta.
Natalia Timerman, por Renato Parada
Atriz e psiquiatra, Aline e Natalia afirmam que essas vivências não são dissociadas ao trabalho de escritora. “Escrevemos com tudo o que somos. Eu sou psiquiatra, não consigo deixar de ser ao escrever. Meu conhecimento psiquiátrico não entra na minha escrita de modo prescritivo nem organizador, ele entra, talvez, de modo a me possibilitar o acesso ao que nas pessoas dói, à sua confusão, [ao] seu segredo, quem sabe até seu mistério”, explica Natalia. Já Aline diz que o seu conhecimento em teatro “contribui profundamente na construção da minha escrita, porque, na verdade o teatro é onde eu me formei como artista, e todo esse modo de pensar o corpo em cena, a palavra cênica, ocupação do espaço, tem muito a ver com o que eu escrevo. Com o que eu gosto de escrever, e eu acho que também a dramaturgia, que eu li muito jovem, me influenciou profundamente na escrita dos meus trabalhos”, atesta.
Ambas as escritoras falam de perdas e vulnerabilidades em suas obras. “Se não houvesse falta, não existiria palavra, não existiria literatura; sem falta e sem palavra não existiria sequer a humanidade. O desamparo é constitutivo, não circunstancial, mas pode vestir diferentes roupagens a cada vez. E é sobre isso que escrevo, sobre essas manifestações específicas de desamparo, mas também desse nosso fundamento: o desamparo de não ter fundamento,” diz Natalia observando a sua escrita. Aline atesta que “o estado de vulnerabilidade é um estado de abertura e é um estado onde esse corpo [literário] não se coloca acima de nada, mas em relação com, né? E é um corpo que espera, um corpo que é esse estado de devir, e está prestes a se transformar em alguma outra coisa que ainda não conhece. E essa outra coisa é o próprio livro, são os personagens. Então, eu acho que o corpo poroso, um corpo que se mistura é o que eu almejo sempre quando estou escrevendo trabalho. Me misturar, aprofundar, diminuir distâncias entre o que eu conto e o que eu sou para trazer. Então eu acho que é isso, esse estado de vulnerabilidade é um estado no fundo de abertura e de comprometimento com o outro e de transbordar-se, misturar-se com as coisas que existem”, explica a escritora.
Serviço:
Letra em Cena Especial: Aline Bei e Natalia Timerman
Data: 11 de junho, terça-feira
Horário: 19h
Local: Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas
Classificação: livre
Inscrições: gratuitas no site da Sympla a partir de 10/6, segunda-feira
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